Pergunta: Como realizar o seguimento pré-natal em caso de coombs indireto reagente?
Resposta:
O Coombs Indireto é um exame de rastreamento pré-natal, o qual avalia o risco de doença hemolítica perinatal - quadro de anemia fetal e do neonato resultante da hemólise em razão de incompatibilidade materno-fetal a antígenos eritrocitários. ¹
A partir de resultado positivo para Coombs Indireto em gestante com história de risco para Aloimunização Rh, é importante avaliar qual a titulação informada em resultado de exame.¹ ²
Fatores de risco para sensibilização incluem: transfusões sanguíneas prévias, uso de drogas ilícitas injetáveis, história obstétrica com relato de doença hemolítica perinatal (icterícia neonatal, exsanguineotransfusão neonatal, transfusões intrauterinas ou hidropsia fetal), histórico de profilaxia anti-Rh em gestações anteriores e atual. ¹ ³
Além disso, deve-se realizar a solicitação de Coombs Indireto com pesquisa de anticorpos irregulares – no intuito de avaliar por qual anticorpo foi a sensibilização encontrada.¹ ²
O status de positivo ou negativo para o sistema Rh é definido de acordo com a presença ou a ausência, respectivamente, do antígeno D. Outros antígenos presentes na superfície das hemácias fetais também podem ser responsáveis pelo desencadeamento da doença, porém em menor escala e, na maioria das vezes, de forma branda. Os antígenos Kell, Duffy e Kidd são os mais encontrados. ¹ · A repercussão fetal com risco de anemia moderada a grave ocorre geralmente apenas quando as titulações de coombs indireto estão iguais ou maiores que 1:16. · Títulos estáveis podem ser repetidos mensalmente durante o seguimento pré-natal – em caso de aumento de 2 titulações entre os exames, deve-se solicitar novo coombs indireto mais precocemente, em 2 semanas. · Se titulação maior ou igual a 1:16 – exige-se investigação de anemia fetal a partir de Doppler de Artéria Cerebral Média (ACM) na avaliação do Pico de Velocidade Sistólica a partir de 18-24 semanas. · O uso de Imunoglobulina anti-D durante a gestação positiva o coombs indireto por cerca de 8 a 12 semanas. Não deve-se, portanto, realizar Coombs Indireto após profilaxia nesse período.
Para gestantes com risco de aloimunização Rh com exame de coombs indireto não reagente, recomenda-se profilaxia contra a sensibilização com 300 µg de imunoglobulina anti-D nos seguintes momentos: ¹ ³
- Na 28a semana de gestação.
- Até 72 horas após o parto de recém-nascido Rh+ ou de fator Rh desconhecido.
- Até 72 horas após procedimento/evento (que leve à risco de sensibilização materna).
BIBLIOGRAFIA
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. 692 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_gestacao_alto_risco.pdf. ISBN 978-65-5993-312-9.
2. AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS. Committee on Practice Bulletins - Obstetrics. ACOG Practice Bulletin n. 192. Management of Alloimmunization During Pregnancy. Obstetrics and Gynecology, v. 131, n. 3, p. e82-e90, 2018.
3. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Doença hemolítica perinatal. São Paulo: Febrasgo, 2020. (Protocolo Febrasgo - Obstetrícia, n. 85. Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal).
Data:
03/09/2024
Autoria:
Douglas Garcia da Silva